FATORES ASSOCIADOS AO ABANDONO DO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE EM PACIENTES IDOSOS NA REGIÃO NORTE DO BRASIL, ENTRE OS ANOS DE 2016 A 2019.
Resumo
Introdução: A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa e contagiosa, intimamente ligada a condições de aspecto social insalubre, como miséria, desnutrição, baixa escolaridade e superpopulação. Dessa forma, a doença se configura como uma das principais causas de adoecimento e morte nos países subdesenvolvidos¹. Assim, desde 1993 é referida pela Organização Mundial da Saúde como Emergência Mundial, sendo destacada como área prioritária em muitos países². No Brasil, possui incidência e prevalência elevadas, principalmente, nas regiões de maior apelo social, como o Norte e Nordeste. Contudo, o abandono ao tratamento para tuberculose é um de seus principais problemas, principalmente nas populações mais vulneráveis, como os idosos, o que remonta a necessidade de se estudar as condições sociais e epidemiológicas associadas a esse cenário.
Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico dos indivíduos com mais de 65 anos que abandonaram o tratamento para tuberculose, na macrorregião Norte do Brasil, no período de 2016 a 2019. De forma a determinar algumas características desses pacientes, bem como analisar as possíveis causas, ou fatores relacionados a não-adesão ou evasão ao tratamento.
Método: Trata-se de um estudo descritivo simples, baseado em dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), por meio da base eletrônica do DATASUS. A coleta ocorreu por meio de instrumento contendo as características epidemiológicas e sociodemográficas dos indivíduos portadores de tuberculose, e com mais de 65 anos, residentes na região Norte do Brasil. Para análise foram consideradas as variáveis: faixa etária, sexo, raça, formas da tuberculose, condições de vulnerabilidade social, comorbidades, confirmação laboratorial e situação de encerramento.
Resultados e Discussão: O estudo mostrou que no período, 4278 pessoas tiveram diagnóstico para tuberculose na região. Nesse contexto, a taxa de abandono ao tratamento ficou em 5,5 % (n=233) dos casos, sendo a maioria do sexo masculino 62% (n=146) e de cor parda 72% (n=167). Os estados do Amazonas 43% (n=100) e Pará 42% (n=98) apresentaram a maior prevalência de evasão ao tratamento na região. Entre as características clínicas, a forma pulmonar foi a mais presente 88% (n=88), cerca de 15% (n=31) dos indivíduos tinham diabetes mellitus, e outros 20% eram tabagistas. O índice de cura para os que seguiram tratamento, ficou em 56%. O abandono do tratamento da tuberculose é um problema de saúde pública ainda evidente na região Norte, o que pode se relacionar a aspectos de cunho social, como baixa escolaridade, pobreza e dificuldade de acesso ao tratamento. A prevalência maior em indivíduos do sexo masculino e de cor parda também foi evidenciada em outras pesquisas³. Por outro lado, alguns agravos associados como tabagismo, doença mental, uso de drogas ilícitas e alcoolismo são fatores que colaboram, ou até mesmo induzem o abandono do tratamento. Por fim, no que concerne aos idosos, por este grupo ser mais vulnerável e depender em muitos casos, dos cuidados de terceiros, podem não seguir o tratamento de forma adequada por negligência ou ineficiência do cuidador, o que retarda o tratamento e portanto a cura do paciente, por isso talvez haja necessidade de avaliar o tratamento supervisionado como forma de reduzir a evasão e aumentar a qualidade de vida dos idosos infectados.
Conclusão: A problemática do abandono ao tratamento da tuberculose nos pacientes idosos deve ser encarada com a relevância necessária pelos profissionais, serviços e gestores da saúde, com intuito de ampliar a atenção dada a esse grupo, por isso conhecer o perfil desse paciente e as características envolvidas no processo de evasão ao tratamento, são fatores necessários no cotidiano dos serviços de saúde, principalmente na atenção básica. Assim, tais informações podem ser úteis para elaborar estratégias que criem um índice de abandono mínimo, reduzindo também os riscos de resistência aos fármacos e a falência dos esquemas de tratamento.
Referências
UNAIDS. Brasil. Relatório Informativo – Atualização Global da AIDS 2019.
. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico.
Tuberculose. 2020.
SILVA, Maria Elizabete Noberto da et al. Aspectos gerais da tuberculose: uma atualização sobre o agente etiológico e o tratamento. Revista Brasileira de Análises Clínicas, Fortaleza, 6 nov. 2018