FATORES PREDISPONENTES E CLASSIFICAÇÃO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA NA POPULAÇÃO GERIÁTRICA

Autores

  • Laura Alves Guimarães
  • Carine Vilela Ferreira Borges

Resumo

Introdução

Incontinência urinária é caracterizada pela Sociedade Internacional de Continência (ICS) como “perda espontânea de urina”. Nos idosos, manifesta-se como uma desordem clínica de natureza multicausal, decorrente da associação de fatores da senescência com injúrias aos sistemas nervoso e excretor, comorbidades, utilização de fármacos, além de decréscimo funcional e da cognição1.

Diversas condições podem gerar a incontinência. O reconhecimento da etiologia é fundamental para o tratamento correto. De forma genérica, a presença desta afecção pode ser classificada segundo a relação com causas neurológicas (por exemplo, lesão da medula por trauma, esclerose múltipla, derrame cerebral) ou não (como em casos de hiperatividade do músculo detrusor, deficiência intrínseca do esfíncter da uretra ou cirurgias prostáticas)2.

Seja qual for a idade, a continência urinária não depende exclusivamente do funcionamento integral do trato urinário inferior. Alterações do incentivo, da agilidade de movimentos manuais, da locomoção, da lucidez e a presença de outras comorbidades (por exemplo, diabetes e insuficiência cardíaca) são alguns dos agentes que podem desencadear a incontinência na ausência de envolvimento significativo do aparelho urinário3.

Metodologia

Trata-se de uma revisão bibliográfica de natureza quantitativa, com abordagem descritiva e retrospectiva dos fatores predisponentes e da classificação referentes a Incontinência urinária na população geriátrica. A metodologia utilizada envolveu uma avaliação de literatura através da coleta de dados eletrônicos nas bases Scielo, Pubmed e livros descritores.

Os termos usados para a busca foram: “Incontinência urinária, fatores de risco, classificação”. Foram encontrados mais de 4000 resultados para pesquisa do tema, sendo selecionados apenas 3 destes para análise. Os critérios de inclusão adotados foram trabalhos que abordassem o conteúdo de forma sistêmica e atualizada. Nesse sentido, excluíram-se aqueles mais antigos ou que englobavam a doença apenas no âmbito epidemiológico.

Resultados e discussão

A senescência por si própria não é etiologia de incontinência, porém influencia em alterações das funções e estruturas no aparelho urinário inferior que tornam a população geriátrica vulnerável a afecção. Entre essas, na bexiga pode ocorrer incremento do volume residual, na uretra é possível ter diminuição pressórica do fechamento uretral e na próstata nota-se acréscimo volumétrico (hiperplasia benigna, neoplasia maligna)1.

Além desses, são tidos como fatores predisponentes: idade, etnia, genética, índice de massa corporal (IMC), excesso de peso, forma de parto, climatério, obstipação intestinal, uso de medicamentos para tratamento de hipertensão, hiperglicemia ou drogas, tabagismo, consumo de cafeína, realização de atividades físicas excessivas, comorbidades, por exemplo, aumento da pressão arterial sistêmica e diabetes mellitus, e história pregressa de infecção do trato urinário

A classificação pode ser feita segundo seu tipo em: incontinência urinária de urgência (IUU), mista (IUM) e de esforços (IUE). Esta decorre de uma insuficiência na sustentação vesical e uretral que é realizada pela musculatura do assoalho da pelve e/ou resulta de enfraquecimento ou lesão do esfíncter da uretra. Essa circunstância promove a saída de urina em condições de acréscimo da pressão intra-abdominal, como tosse, espirros, corridas, risos, segurar peso, sair da posição sentada ou até deambular2.

Já a incontinência de urgência ou também chamada de urge-incontinência é a mais prevalente em idosos tanto do sexo masculino quanto do feminino. Apresenta-se clinicamente por uma acentuada vontade de urinar (urgência), acompanhada de perda espontânea de urina, a qual pode ser de moderado a elevado volume1.

A mista corresponde a uma associação entre as incontinências de esforço e de urgência, isto é, há uma deficiência de oclusão da uretra relacionada à uma atividade excessiva do músculo detrusor2.

Conclusão

Logo, é possível concluir que a incontinência urinária é tida equivocadamente como uma condição altamente dependente da idade, no entanto, esta é apenas um dos fatores predisponentes para sua manifestação. Além disso, a classificação instituída é fundamental para que haja uma correta avaliação do paciente, bem como do tratamento a ser estabelecido, aspectos que, em conjunto, oferecem melhor qualidade de vida ao idoso.


Referências

FREITAS, E. V. et al. Tratado de geriatria e gerontologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas incontinência urinária não neurogênica. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS, Brasília, 2019. Disponível em: < http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2019/Relatrio- Incontinncia_Urinria_no_Neurognica_CP_47_2019.pdf<. Acesso em: 12. jul. 2020

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Publicado

2020-11-16

Edição

Seção

Artigos