FATORES RELACIONADOS AO SUICÍDIO ENTRE IDOSOS
Resumo
Introdução: Segundo a ONU1, a projeção para o número de idosos segue uma tendência de aumento para 1,4 bilhão em 2030 e 2,1 bilhões em 2050, ou seja, praticamente um quarto da população da população terá 60 anos de idade ou mais. O envelhecimento humano é um elemento comum a todos os seres, dinâmico e progressivo, no qual ocorrem transformações na morfologia e funcionalidade do corpo e na estrutura bioquímica e psicológica, resultando na diminuição da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio, oferecendo maior vulnerabilidade de processos patológicos2. Com isso, ocorrem mudanças significativas no arranjo familiar, ocorre a diminuição nos contatos sociais, exigindo que o idoso e a as pessoas que convivem com ele reorganizem suas relações, priorizando relações significativas. Diante disso, o idoso, muitas vezes, passa a não ter apoio social e familiar adequado, que, associados ao processo natural de envelhecer e as suas limitações levam ao sentimento de impotência e solidão. Assim sendo, esse estudo objetivou-se analisar os fatores que levam o idoso a cometer suicídio. Metodologia: Trata-se de uma revisão bibliográfica de artigos por meio da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e utilizaram-se os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Geriatria”, “Suicídio”, “Fatores de Risco” em português, disponíveis no Portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas bases de dados da Scielo, e Lilacs, com recorte temporal de 2015 a 2020, a fim de responder a seguinte questão norteadora: “Quais fatores de risco estão relacionados ao suicídio em idosos? ”. Resultados e Discussão: O comportamento suicida decorre da associação de diversos fatores e, no idoso pode ser manifestado de forma verbal e acompanhado de alterações no comportamento, descaso com o autocuidado e insatisfação em realizar as atividades básicas de vida diária. Em 2018, o Ministério da Saúde 3 registrou uma taxa de 8,9 mortes por 100 mil habitantes em idosos com mais de 70 anos. Os fatores que levam ao suicídio dependem da cultura do indivíduo, dos acontecimentos vividos anteriormente e das relações interpessoais que o rodeiam e envolvem as mudanças relacionadas ao envelhecimento, bem como pelo sentimento de incapacidade imposto pelas limitações existentes4. Diversos estudos referentes às pessoas idosas trazem como fatores para o suicídio, o isolamento social do idoso, a depressão e doenças que causem dependência e sofrimento físico e psicológico, e geralmente, estão associados a indivíduos que moram sozinhos e não possuem relacionamento conjugal5. Ainda, fatores ligados a desigualdade social, renda baixa, desemprego, nível de escolaridade podem influenciar na ideação suicida e, com o envelhecimento, a maioria dos idosos é acometida por fatores negativos em função do aparecimento de doenças crônicas, incapacidades físicas ou psicológicas, o que leva a morte subjetiva e social, refletindo no isolamento do idoso e na dificuldade em criar e manter vínculos sócio-culturais6. As doenças crônicas levam o idoso a ingerir um grande número de medicamentos e isso contribui para aumentar a ideação suicida, ou seja, permitem que o mesmo encontre na doença um método de escape para aliviar o sofrimento. No homem idoso, em decorrência do envelhecimento, diminuição das funções e o adoecimento, podem desenvolver o sentimento de impotência e impossibilidade de realizar seu trabalho. Já para as mulheres idosas, as relações com a família como o casamento e a saída dos filhos de casa, representam o fim da vontade de continuar construindo a vida7. A família é um ponto estratégico para que o idoso evite o suicídio, pois, para eles, ela serve com amparo, afetividade, carinho e atenção, ou seja, o contexto familiar ameniza os danos psicológicos e configura-se como um suporte emocional ao idoso. Conclusão: Diante disso, pode- se evidenciar que o suicídio é um grave problema de saúde pública, e que necessita de ações governamentais, especialmente na atenção primária, com ênfase na promoção da vida, através de oficinas de aprendizagem e construção de laços sociais, evitando que o idoso conviva com o sentimento de solidão. Para isso, é necessário reformular o processo de conscientização sobre prevenção de suicídio, com o apoio das mídias e ações intersetoriais, identificando fatores de risco individuais, socioculturais e situacionais e assim, desenvolver estratégias para minimizá-los, propondo atendimento psicológico e apoio emocional aos que necessitem. Além disso, as unidades de saúde, devem servir como porta de entrada e apoio matricial ao usuário e, juntamente com a comunidade, articular e proporcionar atividades remotas e recreativas que promovam o aprendizado compartilhado.
Referências
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. A ONU e as pessoas idosas. 2020. Disponível em:
<https://nacoesunidas.org/acao/pessoasidosas/#:~:text=Em%201991%2C%20a%20Assembleia%20Geral,%2C%20cuidado%2C%20autorrealiza%C3%A7%C3%A3o%20e%20dignidade>. Acesso em: 13 Jun 2020.
FREITAS E. V., Py, L. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 4ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan. 2016., 1996 p.
BRASIL, Ministério da Saúde. Taxa de suicídio é maior em idosos com mais de 70 anos. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em:
<https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/29691-taxa-de-suicidio-e-maior-em-idosos-com-mais-de-70-anos>. Acesso em: 15 Jul 2020.
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MINAYO, M. C. S., TEIXEIRA, S. M. O., & MARTINS, J. C. O. Tédio enquanto circunstância potencializadora de tentativas de suicídio na velhice. Rev. Estudos de Psicologia. Natal, v. 21 (1), p. 36-45. 2016.
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PALAVRAS-CHAVE: Fatores de Risco; Geriatria; Suicídio