FIBRILAÇÃO ATRIAL EM IDOSOS: CONTROLE DO RITMO OU DA FREQUÊNCIA?
Resumo
Introdução: A Fibrilação Atrial (FA) é considerada mundialmente a arritmia que mais se relaciona com o aumento das limitações na vida dos portadores. Sendo comum em idosos, a FA aumenta cerca de 1,5% o risco de fenômenos embólicos na quinta década de vida, e 23% na oitava década¹. A FA é uma taquiarritmia supraventricular que tem como característica a ausência da atividade elétrica sincronizada e rítmica dos átrios, sendo que o controle do ritmo ou da frequência é um dos princípios da terapêutica em idosos, uma vez que inclui-se também a manutenção de todos os fatores desencadeantes relacionados². Em pacientes idosos, os riscos do surgimento de complicações tromboembólicas levam a análise de benefícios e riscos quanto a introdução da terapia anticoagulante para cada caso3. O objetivo desse artigo é realizar uma revisão na literatura sobre a estratégica terapêutica nos idosos portadores de FA, afim de discutir sobre os benefícios do controle do ritmo e da frequência na geriatria, além da introdução da anticoagulação na terapia. Metodologia: Foi feita uma revisão bibliográfica utilizando como base de dados o Scielo e PubMed. Os termos utilizados para a busca seguiram os Descritores em Ciências da Saúde (DECS): fibrilação atrial, controle do ritmo, controle da frequência. Foram designados artigos nos idiomas português e inglês, entre 2014 e 2020, totalizando 12 artigos. Resultados e Discussão: O tratamento da FA, tanto no controle do ritmo quanto no controle da frequência, pode ser realizado de acordo com suas características clínicas, porém as limitações no que tange a terapia farmacológica para o controle da frequência e do ritmo em idosos com FA são constantes4. O controle da frequência é seguro e eficaz em idosos com sintomas leves e fração de ejeção normal, sendo a estratégia mais utilizada, devendo ser considerada a terapia com beta-bloqueador ou bloqueador de canais de cálcio, no entanto, a digoxina, considerada uma droga de eliminação renal, deve ser administrada com cuidado em pacientes idosos. Já no que diz respeito ao controle do ritmo, sabe-se que a eficácia da terapia antiarrítmica é modesta, a tolerância a estes medicamentos é reduzida em idade avançada e o risco de toxicidade é elevado. Nos casos com instabilidade hemodinâmica, a cardioversão elétrica pode ser benéfica, uma vez que pode ser considerada uma terapia imediata5. Estudos demonstram que a mortalidade na população geriátrica é semelhante tanto no controle da frequência e do ritmo, porém os casos que fazem uso da manutenção do ritmo sinusal apresentam maior número de hospitalizações. A ablação pode ser benéfica em casos individualizados e específicos, como em pacientes que não há melhora dos sintomas, assim como na presença de muitos efeitos adversos ou de polifarmácia, os quais apresentam grandes possibilidades de interações medicamentosas6. De acordo com os métodos de estratificação de risco tromboembólicos, os pacientes com escore de CHADS2 maior ou igual a 2 devem receber anticoagulação oral, enquanto pacientes com pontuação igual a 1 estão sujeitos a opinião médica. Conforme o escore de CHA2DS2-VASc, todos os pacientes com mais de 75 anos devem receber anticoagulação a menos que haja uma contraindicação significativa. Os anticoagulantes orais reduzem o risco tromboembólico nesses pacientes, porém também aumentam o risco de sangramento, logo, os idosos que estão propensos a lesões e quedas, ou com propensão à redução dos níveis séricos de albumina, recomenda-se que o RNI seja monitorado a cada 15 ou 21 dias. Vale ressaltar também a relevância de medidas não medicamentosas, como a prática regular de exercícios físicos, controle do peso, dieta balanceada e melhorias na qualidade do sono7. Conclusão: A partir desse estudo, vê-se que a Fibrilação Atrial é comum em idosos e apresenta consequências significativas caso não tratada de forma adequada, sendo assim existem desafios na condução do tratamento, sendo o controle da frequência mais seguro e utilizada. Sobretudo atenta-se que cada caso deve ser individualizado e analizado juntamente com os riscos e benefícios de cada decisão terapêutica.
Referências
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