ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE CASOS DE CÂNCER DE PRÓSTATA NO PIAUÍ ENTRE 2010 E 2020
Resumo
INTRODUÇÃO: A neoplasia maligna de próstata foi apresentada em 1853 pelo médico inglês, J. Adams¹. De acordo com dados de 2018 obtidos no site no INCA (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de próstata possui maior incidência de casos entre os homens²,³ e é classificado em segundo lugar no ranking de mortalidade por câncer no Brasil³,4. Segundo o sistema de classificação da National Comprehensive Cancer Network (Mohler et al ., 2010 ) esses tumores são caracterizados pelo seu crescimento lento e indolente, porém, em alguns casos a doença pode avançar de modo agressivo e rápido. A neoplasia maligna de próstata consiste na proliferação de células idênticas, porém atípicas, sendo majoritariamente do tipo adenocarcinoma, ou seja, as células cancerígenas se desenvolvem a partir de células da própria glândula. Sabe-se que existem fatores que podem influenciar no desenvolvimento desse câncer, como a idade (50% dos homens com 50 anos e 80% aos 80 anos têm ou sem apresentar qualquer sintoma5) e herdabilidade, especialmente em familiares do primeiro grau, sendo o primeiro preponderante. No entanto, mesmo com os avanços em estudos sobre o assunto, esse detalhamento continua sendo uma incógnita. À nível regional, o Piauí, de acordo com base de dados do Sistema Único de Saúde, ocupa o segundo lugar na Região Nordeste na quantidade de óbitos por câncer de próstata a neoplasia maligna de próstata ocupa o quinto lugar de mortes por neoplasias no Piauí, com 269 óbitos no período de 2010 até 2020.
OBJETIVO: O presente estudo tem como objetivo analisar o perfil epidemiológico do câncer de próstata no Piauí.
MÉTODOS: Trata-se de um estudo epidemiológico quantitativo e retrospectivo, de dados secundários, referentes a casos de neoplasia maligna de próstata no Piauí. Os dados foram obtidos na plataforma online do Sistema Único de Saúde (DATASUS), sendo analisadas informações referentes à cidade, ano de atendimento, faixa etária e raça. Os dados foram posteriormente confrontados com outros estudos epidemiológicos dispostos na literatura atual na base de dados estadunidense, PubMed e do Instituto Nacional de Câncer.
RESULTADOS E DISCUSSÃO : A análise dos dados disponibilizados sobre a ocorrência de câncer de próstata no Piauí revela que, entre os anos de 2010 e 2020, o total de internações foi de 4.375 pacientes. A incidência de casos variou bastante de acordo com a cidade, tendo maior quantidade em Teresina, capital do estado, com 42,36% do total, seguida de Parnaíba com 3,47% dos casos. A raça que apresentou maior incidência de internações por causa da neoplasia maligna de próstata foi a de pessoas pardas, com 92,22%. A raça de menor número foi a amarela com 0,73% dos casos. Tem-se que a quantidade de homens que se enquadram na localização e na raça citada anteriormente, é diretamente proporcional a quantidade de casos nessas variáveis. Em relação a faixa etária, a de maior incidência foi entre 60 e 69 anos, com 37,83% dos casos, o que pode ser explicada pela característica da doença de, em grande parte dos casos, se desenvolver de forma lenta e sem manifestação de sintomas típicos. Em relação ao ano de internação, é possível afirmar que o ano de 2014, dentre os 10 estudados, com 12,57% dos casos, foi o que houve maior número de pacientes internados devido a condição estudada. Em contrapartida, o ano de 2019 foi o que teve menos internações, com apenas 1,03% dos acontecimentos. Visto isso, é possível perceber que com o avanço das pesquisas relacionadas ao câncer de próstata, o número de internações no estado reduziu, além disso campanhas preventivas direcionadas sobre esse assunto, como o Novembro Azul também contribuíram para a redução desse dado. Essa iniciativa surgiu em 2003, na Austrália, mas somente em 2008 a Movember Foundation, organização sem fins lucrativos que arrecada fundos para o combate ao câncer de próstata, chegou no Brasil, através do Instituto Lado a Lado pela Vida em associação à Sociedade Brasileira de Urologia. O Novembro Azul, visa estimular homens a fazer exames preventivos para esse tipo de câncer, como o toque retal, que avalia se há hiperplasia prostática, e o exame do PSA (Prostate Specific Antigen), que caso esteja alterado pode indicar a presença de câncer de próstata. No entanto, é valido ressaltar que esses procedimentos não têm desígnio de diagnostico, para tal finalidade o exame adequado é a biopsia.
CONCLUSÃO: Conclui-se que o perfil epidemiológico das internações por neoplasia maligna de próstata no Piauí é caracterizado por pessoas pardas que se internaram na capital em 2014, com idade entre 60 e 69 anos. Portanto, é necessário que acadêmicos em associação com os médicos da área, por meio de programas extracurriculares, promovam atividades, como a campanha do Novembro Azul, que estimulem a prevenção do câncer, no intuito de reduzir o número de internações no estado e, consequentemente, reduzir a mortalidade dos homens com essa condição.Referências
VASCONCELOS, Iviane. O Câncer de próstata e o seu combustível: a testosterona, Sociedade Brasileira de Cancerologia. Disponível em:
<http://www.sbcancer.org.br/artigos/>. Acesso em: 17 de julho de 2020.
BRASIL, Ministério da Saúde. Estimativa de Câncer no Brasil. Brasília: [Ministério da Saúde], 2020. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer>. Acesso em: 17 de junho de 2020
BRASIL, Ministério da Saúde. Coordenação de Prevenção e Vigilância / Divisão de Vigilância e Análise de Situação. Brasília: [Ministério da Saúde], 2020. Disponível em:
<https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer>. Acesso em: 17 de junho de 2020
BRASIL, Ministério da Saúde. Sistema de Informação sobre Mortalidade. Brasília: [Ministério da Saúde], 2020. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer>. Acesso em: 17 de junho de 2020
GROZESCU, T.; POPA, F. Prostate cancer between prognosis and adequate/proper therapy. Journal of medicine and life, v. 10, n. 1, p. 5, 2017. Disponível em:
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5304372/>. Acesso em: 17 de junho de 2020