AS IMPLICAÇÕES DA DEPRESSÃO NA SAÚDE DOS IDOSOS PORTADORES DE SÍNDROMES GERIÁTRICAS COGNITIVAS: REVISÃO DE LITERATURA

Autores

  • Shaira Salvadora Cunha Brito
  • Júlia Bravim Marinot

Resumo

Introdução: A depressão é um transtorno psiquiátrico grave, de natureza multifatorial, considerado um grande problema na saúde pública mundial, em que se tem como consequência a incapacidade para realização de atividades básicas da rotina de vida do indivíduo portador1. A doença pode ser evidenciada em todas as faixas etárias, mas tem como principais grupos de risco os adolescentes e os idosos2. O envelhecimento da população é um processo natural da vida, acompanhado de alterações funcionais e cognitivas, sendo essas alterações fortemente evidenciadas com o aumento das doenças crônicas e degenerativas, e da incapacidade do sistema de saúde no fornecimento adequado de atendimentos e medicações3. Assim, a qualidade de vida e o estado de saúde dos idosos se tornam comprometidos à medida que ocorre uma incapacidade no funcionamento ideal nos domínios cognitivos, humorísticos, comunicacionais e de mobilidade do paciente senil. Essa perda funcional desencadeia grandes síndromes geriátricas, destacando a depressão na incapacidade cognitiva, caracterizada por uma dependência nas atividades de vida diária e uma sintomatologia marcante4. Além disso, a depressão é associada a muitos eventos como: diminuição na qualidade de vida dos idosos afetados, distúrbios de sono, alteração dos hábitos alimentares, diminuição no sistema imunitário, aumento no número de óbitos a cada ano, polifarmácia, pensamentos suicidas, entre outros3,4. Diante desse contexto, define-se como objetivo fazer uma revisão de literatura acerca de como a depressão pode ser um fator dificultador na melhora da qualidade de vida de pacientes idosos1,2,3,4. Metodologia: Foi realizada uma seleção de textos completos de artigos científicos na base de dados SciELO, usando os seguintes descritores: depressão, idoso e saúde do idoso, todos eles seguindo o Descritores em Ciências da Saúde (DECS). Os critérios de inclusão foram artigos científicos publicados nos últimos dez anos. Os critérios de exclusão foram artigos não correspondentes à proposta do tema. Resultados e Discussão: A depressão é atualmente considerada um problema de saúde pública, existindo pesquisas realizadas na cidade de São Paulo apontando que, aproximadamente, 16% da população apresenta pelo menos um episódio depressivo no decorrer de sua vida1. Esse fator é especialmente relevante ao avaliarmos a população idosa, visto que o processo de envelhecimento está relacionado à redução da independência, autonomia e capacidade cognitiva em atividades corriqueiras, fatores esses que favorecem o desenvolvimento de transtorno depressivo4. Tendo em vista o exposto, achados científicos apontam que existe uma elevada prevalência de depressão entre a população idosa, sendo inclusive recomendado que todos os idosos sejam avaliados em busca do diagnóstico do transtorno, por meio da escala de depressão geriátrica2. Entretanto, apesar da recomendação de avaliação em todos os idosos, as indicações para tratamento medicamentoso variam, já que alterações fisiológicas do envelhecimento podem gerar extensos efeitos colaterais das drogas no organismo do paciente, necessitando de peculiaridades na abordagem2. Nesse aspecto, destaca-se que a iatrogenia e, principalmente nesse contexto, a iatrofarmacogenia, consecutiva à polifarmácia e ao desconhecimento das interações farmacodinâmicas associadas ao envelhecimento, representam, segundo estudos, a quinta causa de morte nos EUA2. Sendo assim, a iatrofarmacogenia está associada ao desenvolvimento de confusão mental, quedas, constipação intestinal, hipotensão ortostática, incontinência urinária, insônia, anorexia, entre outros efeitos colaterais2. Conclusão: Os achados científicos evidenciados demonstram a importância da ampla avaliação clínica de todos os idosos, podendo promover a visualização ampla e multidimensional dos problemas apresentados e da relação entre eles. A partir disso, é possível concluir que devem ser adotados métodos que possibilitem o julgamento integral do indivíduo e uma abordagem que inclua a família do paciente, contribuindo para a monitorização de seu prognóstico. Essa avaliação é de extrema importância no contexto da população brasileira, dado ao fato de que as mudanças do perfil etário do brasileiro, que incluem o rápido envelhecimento populacional, não são acompanhadas pela reorganização das políticas públicas. Dessa forma, a rede de assistência poderá permitir o amparo completo em todos os âmbitos da vida do idoso, evitando assim, os agravos decorrentes do transtorno depressivo.

Referências

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2021-04-06

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Artigos