AS REPERCUSSÕES DA DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 NA POPULAÇÃO SENIL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Resumo
Introdução: O processo de envelhecimento está relacionado ao aumento da incidência de indivíduos apresentando déficit de vitamina B12 (cobalamina). Essa vitamina é necessária para a iniciação e garantia da mielinização do sistema nervoso. Dessa forma, a sua alteração interfere de maneira relevante nas diversas respostas fisiológicas do corpo podendo acometer os sistemas sensoriais e motores periféricos. 1,2 Além disso, sabe-se que há interferência na qualidade de vida dos idosos, devido ao quadro de anemia que reflete nas habilidades psicofísicas normais, afetando a morbimortalidade.3 Contudo, existem ainda diversas repercussões da deficiência da cobalamina que precisam ser melhor esclarecidas. Nesse sentido, o objetivo desta revisão é salientar a importância do conhecimento sobre as repercussões associadas ao tema colaborando assim, para um diagnóstico assertivo e um tratamento eficaz.1 Metodologia: Nesse trabalho, procedeu-se uma revisão sistemática de literatura por meio de pesquisas bibliográficas de artigos publicados entre os anos de 2015 e 2020, utilizando as bases de dados Pubmed, Scielo, Lilacs e Medline. O enfoque do resumo foi direcionado nas repercussões da deficiência de cobalamina na população senil. Discussão: A deficiência de vitamina B12 é notória e mais prevalente em idosos, portadores de diabetes mellitus 2 de longa data e em pacientes em uso de metformina. Nesse viés, associaram a senescência celular, a diminuição da propriedade absortiva, a redução do aporte de vitamínico na dieta e ao grande número de fármacos utilizados como motivos cruciais para o
déficit da cobalamina em idosos.4 A metformina, por sua vez, interfere no desempenho do
receptor/transportador do conjunto fator intrínseco-vitamina B12 por funções dependentes de cálcio. Além dos fatores citados, o hipotireoidismo também enquadra-se como causa da deficiência dessa vitamina, uma vez que observa-se uma atrofia das mucosas gástricas e intestinais prejudicando a sua absorção.4 Ademais, há uma série de repercussões clínicas que decorrem desse déficit, sendo a anemia megaloblástica (atinge cerca de 15% dos idosos) e pancitopenia, comprometimento do processo de mielinização e conservação do sistema nervoso central (danificação precoce cognitiva e alterações proprioceptivas) e periférico (hipotensão ortostática, deficiências sensitivas, etc) alguns exemplos das consequências de tal carência vitamínica.4,3 Outrossim, a escassez prolongada de vitamina B12 está relacionada à redução da metionina e um acréscimo de homocisteína, a qual é prejudicial ao sistema nervoso central desencadeando dano cognitivo, demência e até Alzheimer.5 Diante do exposto, o diagnóstico precoce da etiologia da deficiência da cobalamina torna-se imprescindível, uma vez que o prognóstico e tratamento são fatores dependentes desse fundamento.4 Conclusão: A partir da revisão bibliográfica realizada, pode-se concluir que os maiores de 65 anos estão mais vulneráveis às consequências do déficit de vitamina B12 se comparado com a população em geral. No entanto, ainda persistem dúvidas acerca da dosagem sérica de cobalamina necessária para causar sintomas e em relação aos mecanismos associados à sua deficiência. Dessa maneira, é crucial a elaboração de estudos que identifiquem com maior propriedade os fatores de risco para que os danos considerados preveníveis sejam evitados e haja uma melhoria crescente na qualidade de vida da população senil.
Referências
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