ATENDIMENTO A IDOSOS NA PANDEMIA EM UMA ESF DO INTERIOR DE MINAS GERAIS

Autores

  • Rafaela Ferreira Gomes
  • Larissa Alvim Mendes
  • Julia Raquel Felipe Caldeira
  • Elisa de Fátima Silva

Resumo

Neste novo cenário encontrado atualmente, a Pandemia da COVID-19 traz novos desafios para o mundo, especialmente em países pouco desenvolvidos ou em desenvolvimento1. O organismo humano vai se alterando com o envelhecimento e afeta o sistema imunológico, que apresenta maior vulnerabilidade a doenças infectocontagiosas, além de um pior prognóstico às doenças crônicas2. Sabe-se que a mortalidade pela infecção por COVID-19 aumenta com a idade, sendo ainda maior em indivíduos portadores de doenças crônicas2. Ademais, multimorbidade é um problema grave da população brasileira, sobretudo na população idosa, o que aumenta o risco de morbimortalidade relacionada à COVID-19 e exige estratégias e cuidados com essa população3.No Brasil, estima-se que mais de 80% dos idosos dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) exclusivamente para os cuidados com a saúde1, tendo a Atenção Primária como porta de entrada para os serviços necessários. O isolamento social se apresenta no contexto atual como medida de redução da transmissão, atrasar o pico nos casos e minimizar a disseminação para grupos de risco, como os idosos4. Neste cenário, em meio a orientações, decretos e diretrizes reforçando a importância do isolamento social, a heterogeneicidade da população idosa brasileira é evidenciada, bem como fragilidades não somente físicas, mas principalmente familiares e da rede de apoio5. Neste sentido, a busca por consultas da atenção básica por causas não emergenciais deve diminuir, evitando exposição a ambiente potencialmente contaminado como Unidade Básica de Saúde, e com pessoas contaminadas que buscam atendimento nestes locais.

 

OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo analisar o comportamento dos idosos em relação à busca por atendimento na unidade básica de saúde neste cenário de pandemia.

 

METODOLOGIA

Este trabalho consiste em uma pesquisa quantitativa descritiva do número de atendimentos médicos a idosos nos meses de março a junho de 2020, em uma unidade básica de saúde do interior da zona da mata mineira. Para embasamento científico, foram selecionados artigos na base de dados Scielo, Google Acadêmico e Pubmed, com os descritores “idosos covid” e “covid elderly”. Dos resultados encontrados foram selecionados 5 artigos publicados em 2020, que se enquadravam no tema abordado.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pandemia de COVID-19 acentuou a necessidade de cuidados com a saúde dos idosos, do zelo, respeito e a necessidade de manter autonomia e independência deles, que passam a necessitar de uma rede de apoio para compras e compreender que auto preservação da sua saúde é uma ação primária5. É fundamental reconhecer as vulnerabilidades sociais e econômicas da população e do sistema de saúde público, e a necessidade de conhecimento gerontológico como meio de prevenção de agravos1. A Unidade Básica de Saúde em Estudo atende uma população total de 485 idosos cadastrados e acompanhados. As consultas são realizadas de forma agendada e espontânea. Com o advento da pandemia, aumento de casos e instituição do isolamento social por meio de decretos e diretrizes, consultas agendadas para acompanhamento foram desmarcadas, a população orientada pelos agentes comunitários de saúde, peças chave nessa troca de informações, sobre a necessidade e importância do isolamento social e que o atendimento médico aconteceria principalmente por demanda espontânea, em casos com necessidade de rápida resolução. Assim, a demanda da população seria passada para os agentes comunitários e deles para a unidade para avaliação pela enfermeira responsável e médica, a fim de avaliar necessidade de consulta, orientação, visita domiciliar ou encaminhamento sem maiores exposições da população.

A análise foi realizada a partir do relatório mensal de produção da unidade em estudo, de março a junho, somando-se os atendimentos diários a pessoas maiores de 60 anos em cada mês, analisando-os individualmente para comparação. O primeiro mês de isolamento social instituído por decreto municipal foi março, e total de consultas a idosos correspondeu a 18,38% (68 das 370 consultas totais). No mês seguinte, caiu para 9,60% (19 consultas de 198), subindo para 16,18% (33 consultas de 204) em maio e 17,03% (43 consultas de 252) em junho.

 

CONCLUSÃO

Notou-se que a adesão às estratégias de isolamento teve grande impacto no segundo mês de isolamento, com redução de aproximadamente 48% nos atendimentos a idosos comparando março e abril. Entretanto, esta adesão diminuiu e o número de atendimentos aumentou nos meses subsequentes, obtendo porcentagem próxima ao primeiro mês analisado. Sabe-se que o isolamento vertical, em que apenas os idosos ficam isolados, é ineficaz na contenção da pandemia da COVID-196, mas o isolamento horizontal com adesão da população idosa é o único meio atualmente disponível e eficaz para redução do contágio, achatamento do pico e contenção da pandemia. Dessa forma, a intenção de preservação e proteção dos idosos por meio da menor exposição à unidade básica de saúde deve ser reforçada, bem como orientada pelos profissionais de saúde que compõem a equipe multidisciplinar, envolvendo vínculos estabelecidos e desenvolvidos com familiares e a rede de apoio da população idosa a fim de um bom resultado coletivo.

 

Referências

. KALACHE, Alexandre; SILVA, Alexandre da; GIACOMIN, Carla Cristina; LIMA, Kenio Costa de; RAMOS, Luiz Roberto; LOUVISON, Marilia; VERAS, Renato. Envelhecimento e desigualdades: políticas de proteção social aos idosos em função da Pandemia Covid-19 no Brasil. Rev. bras. geriatr. gerontol., Rio de Janeiro, v. 23, n. 6, e200122, 2020. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809- 98232020000600101&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 13 Jul 2020. Epub June 01, 2020.

HAMMERSCHMIDT, Karina Silveira de Almeida; SANTANA, Rosimere Ferreira. Saúde do idoso em tempos de pandemia COVID-19. Rev. Cogitare Enfermagem, Curitiba, v. 25, e72849, 2020. Disponível em: <https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/72849/pdf>. Acesso em: 14 jul 2020.

NUNES, Bruno Pereira; SOUZA, Ana Sara Semeão de; NOGUEIRA, Januse; ANDRADE, Fabíola Bof; THUMÉ, Elaine; TEIXEIRA, Doralice Severo da Cruz; LIMA-COSTA, Maria Fernanda; FACCHINI, Luiz Augusto; BATISTA, Sandro Rodrigues. Envelhecimento, multimorbidade e risco para COVID-19 grave: ELSI-Brasil. Health Sciences, São Paulo. Disponível em: < https://preprints.scielo.org/index.php/scielo/preprint/view/703>. Acesso em: 13 jul 2020.

Armitage R, Nellums LB. COVID-19 and the consequences of isolating the elderly. Lancet Public Health. 2020;5(5):e256. Disponível em: <https://www.thelancet.com/pdfs/journals/lanpub/PIIS2468- 2667(20)30061-X.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2020.

HAMMERSCHMIDT, Karina Silveira de Almeida; BONATELLI, Lisiane Capanema Silva; CARVALHO, Anderson Abreu de. Caminho da esperança nos relacionamentos que envolvem os idosos: olhe a complexidade sob a pandêmica de covid-19. Texto e Contexto Enfermagem. São Paulo, 2020. Disponível em: <https://preprints.scielo.org/index.php/scielo/preprint/view/281>. Acesso em 14 jul 2020.

. DUCZMAL, Luiz Henrique; ALMEIDA, Alexandre Celestino Leite; DUCZMAL Denise Bulgarelli; ALVES, Claudia Regina Lindgren; MAGALHÃES, Flávia Costa Oliveira; LIMA, Max Sousa de; SILVA, Ivair Ramos; TAKAHASHI, Ricardo Hiroshi Caldeira. Vertical social distancing policy is ineffective to contain the COVID-19 pandemic. Cad. Saúde Pública, n. 36, v. 5, May 2020. São Paulo. Disponível em: <https://scielosp.org/article/csp/2020.v36n5/e00084420/>. Acesso em: 14 jul 2020.

Downloads

Publicado

2021-04-06

Edição

Seção

Artigos