AVALIAÇÃO DA PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA A POPULAÇÃO IDOSA E O SEU IMPACTO CARDIOVASCULAR: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Resumo
Introdução: A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia define o envelhecimento ativo como o processo de otimização que objetiva aprimorar a qualidade de vida à proporção que a população vai envelhecendo, se utilizando de critérios como segurança, participação e saúde1. Reafirmando tal assertiva, estudos demonstram que o avançar da idade e a baixa adesão a prática de exercícios físicos estão fortemente relacionados ao surgimento de doenças crônicas (como a dislipidemia e hipertensão) que possivelmente levarão a um acometimento cardiovascular, pois tais enfermidades que são relativas à idade do paciente compreendem uma comunicação por meio de processos biológicos e que podem ter a sua modulação compreendida por fatores de risco modificáveis e não modificáveis2. Nesse contexto, se faz importante ressaltar que além de promover a longevidade e otimizar as funções cardiovasculares, o treinamento físico efetuado no intervalo de tempo e intensidades corretas constituem fatores importantes para as prevenções primárias e secundárias das doenças que agridem o aparelho cardíaco3,4,5. Ainda assim, o incentivo para tais atividades seguem em uma proporção de prescrição e utilização menor de que a esperada6. Por conseguinte, o presente trabalho objetiva compreender, com base em revisão literária, a relação entre a execução de atividades físicas e o envelhecimento e como tal relação impacta o desempenho do sistema cardiovascular.
Metodologias: Foi realizado um levantamento bibliográfico de artigos compreendendo os anos de 2015 a 2020, usando bases de pesquisa como PubMed e ScienceDirect, utilizando os descritores “Aging”, “Physical activity” e “Cardiovascular diseases”, sendo assim selecionados 14 artigos, como também a avaliação de dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia para a elaboração e finalização da revisão de literatura apresentada.
Resultados e discussão: O período de senilidade ocasiona no organismo humano tanto alterações funcionais como estruturais7, 8, 9 (como exemplo, a redução da extensão dos telômeros) 10que interferem diretamente no funcionamento do sistema cardíaco11, o que consequentemente, diminui a aptidão funcional dos anciãos e os torna mais vulneráveis a morbimortalidade12. Não obstante, a prática rotineira de exercícios físicos evidenciam resultados
favoráveis para o vigor destes indivíduos através da promoção de um meio anti-inflamatório salutífero ao liberar miocinas provenientes de músculos, aperfeiçoar o equilíbrio autônomo ao diminuir a incidência de neoplasias malignas, aumentar a habilidade cardiorrespiratória, e ainda, aperfeiçoar a diminuição da massa muscular13. Somando-se as afirmações já expostas, é válido relatar que em uma análise transversal realizada e finalizada em 03 ambientes que serviam almoços para a população idosa na cidade de Charlote, localizada no estado da Carolina do Norte (EUA), foi identificado que tais hábitos têm o poder de influenciar de forma benéfica o estado de ânimo do paciente14. Ademais, em um estudo de coorte realizado com mais de 4008 pessoas com idade ≥ 60 anos, foram analisadas as saúdes física e mental dos participantes com um questionário SF-36 e ao decorrer de uma observação que durou aproximadamente 14 anos, foi demonstrado uma soma de 1811 óbitos, sendo que deste número, 674 se deve a ocorrência de doenças cardiovasculares (DCV) e as apurações expõem ainda que os participantes fisicamente ativos, mas que apresentavam enfermidades estavam associados a um menor número de mortalidade quando em comparação aos que apresentavam boas condições vitais mas se viam em um estado sedentário15.
Conclusão: Portanto, de acordo com os dados e estudos analisados, é possível inferir que a prática de exercícios de forma regular e em intensidade adequada para os longevos apresentam a capacidade de reduzir o número excessivo de falecimentos decorrentes das doenças cardiovasculares, auxiliando para o bem-estar físico, orgânico e mental dos idosos. Entretanto, a orientação para a realização dessas práticas ainda passa pelo viés da subprescrição, e por isso, os profissionais da saúde devem ter o conhecimento necessário para conduzir seus pacientes de forma a impactar positivamente em sua qualidade de vida.
Referências
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