COMPLICAÇÕES DA HIPOTENSÃO ORTOSTÁTICA NOS IDOSOS

Autores

  • Mayara Damasceno Cunha
  • Paula Andrea Sampaio de Vasconcelos Carvalho
  • Ruth Ravena Luz Carvalho Sousa Cipriano

Resumo

INTRODUÇÃO: A hipotensão ortostática é definida como uma redução sustentada da pressão arterial sistólica de pelo menos 20 mmHg ou da pressão arterial diastólica de pelo menos 10 mmHg dentro de 3 minutos após se levantar de uma posição sentada ou em decúbito dorsal. Pacientes com hipotensão ortostática apresentam sintomas de hipoperfusão cerebral, incluindo tontura, visão turva, fadiga e dor de cabeça, mas também podem ser assintomáticos. A incidência da hipotensão ortostática aumenta com a idade e sua prevalência é de 5% em pacientes com menos de 50 anos, 30% naqueles com idade maior que 70 anos e é maior que 40% com idade igual ou superior a 80 anos (3). A etiologia da hipotensão ortostática está relacionada com a falha nos mecanismos neurais e/ou circulatórios de compensação da redução do retorno venoso e, consequentemente, do débito sistólico e da pressão arterial. Suas causas incluem efeitos colaterais de medicamentos, anemia, perda de volume (por exemplo, desidratação, vômitos graves ou diarréia), descondicionamento físico, infecções benignas (por exemplo, infecção do trato urinário) e doenças sistêmicas envolvendo nervos autonômicos (por exemplo, diabetes mellitus). O atual estudo pretende buscar na literatura recente as principais complicações desse problema na vida dos idosos. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão bibliográfica sistemática cujos dados foram obtidos pela consulta a Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA através da plataforma PubMed, acessado durante o mês de julho. Foram sondados os estudos publicados entre os anos 2015 a 2020, com ênfase nas implicações que os eventos de hipotensão ortostática podem desencadear. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A hipotensão ortostática pode causar sintomas incapacitantes, desmaios e lesões traumáticas, e reduzir substancialmente a qualidade de vida dos idosos. Além disso, existe um alto índice de morbimortalidade relacionado a esse processo de adoecimento devido, principalmente, a consistente associação positiva da hipotensão ortostática e quedas frequentes, o que pode levar a múltiplas internações hospitalares. Quando a hipotensão ortostática prejudica a perfusão para os órgãos acima o nível do coração, principalmente o cérebro, causa sintomas incapacitantes que reduzem qualidade de vida e aumento da morbimortalidade nesses pacientes (1). De acordo com os estudos, mais de 50% dos pacientes com hipotensão ortostática relataram um impacto negativo na qualidade de vida causada pelos sintomas da doença e a maioria dos entrevistados (mais de 87%) descreveram também que os sintomas de hipotensão ortostática afetaram negativamente a capacidade dos pacientes de realizar atividades diárias - mais frequentemente atividade física/exercício, tarefas domésticas e viagens (2). Somado a isso, a hipotensão ortostática também está relacionada com o aumento de doença cardíaca, derrame e morte principalmente nos idosos hospitalizados e é um contribuidor significativo para quedas deles. Logo, evidências crescentes revelaram que quedas prolongadas na pressão sanguínea por hipotensão ortostática é um problema significativo e aumenta independentemente da qualidade e incidência de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e fibrilação atrial e apontaram para o risco duas vezes maior de morte em indivíduos com hipotensão ortostática (3). Apesar disso, a hipotensão ortostática geralmente não é reconhecida ou diagnosticada incorretamente haja visto que muito pacientes, cerca de 64%, não tem um diagnóstico formal o que pode ser um fator esquecido associado ao aumento da morbidade cardiovascular e mortalidade por todas as causas (1);(3). CONCLUSÃO: Esses resultados indicam a importância clínica de se investigar e diagnosticar a hipotensão ortostática uma vez que é um fator de risco independente para doença cardiovascular e mortalidade e um parâmetro importante na prevenção de quedas em idosos. No entanto, até agora, a importância desse distúrbio altamente prevalente tem recebido atenção insuficiente dos médicos e outros profissionais da saúde.

Referências

PALMA, Jose-Alberto; KAUFMANN, Horacio. Management of orthostatic hypotension. CONTINUUM:

Lifelong Learning in Neurology, v. 26, n. 1, p. 154-177, 2020. 1

CLAASSEN, Daniel O. et al. Characterization of the symptoms of neurogenic orthostatic hypotension and their impact from a survey of patients and caregivers. BMC neurology, v. 18, n. 1, p. 1-9, 2018. 2

RICCI, Fabrizio; DE CATERINA, Raffaele; FEDOROWSKI, Artur. Orthostatic hypotension: epidemiology, prognosis, and treatment. Journal of the American College of Cardiology, v. 66, n. 7, p. 848-860, 2015.

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Publicado

2021-04-07

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Artigos