COVID-19: EFEITOS ADVERSOS DO USO INAPROPRIADO DA SUPLEMENTAÇÃO DA VITAMINA D EM IDOSOS
Resumo
Introdução: O mundo encontra-se em meio à pandemia pelo COVID-19 e as maiores taxas de morbimortalidade estão relacionadas, principalmente, aos idosos. A suplementação com vitamina D ganhou destaque devido sua capacidade imunomoduladora, sendo considerada como mecanismo de prevenção da doença e agravos. Assim, houve um aumento da suplementação sem verificação sérica e avaliação da real necessidade de administrá-la.¹ Repercussões negativas do uso inadequado variam desde intoxicação com clínica de náuseas/vômito até efeitos deletérios do superávit da atividade osteoclastica. Assim, o presente trabalho tem como objetivo exprimir as complicações do uso inapropriado de colecalciferol em idosos como diligência da infecção pelo SARS-COV-2.² Ressalta-se a importância da faixa etária escolhida, pois a população geriátrica está mais susceptível a essas complicações, pois o próprio processo de envelhecimento leva o organismo a passar por alterações fisiológicas que culminam no declínio das funções orgânicas.³ Metodologia: Revisão de narrativa através de um amplo levantamento bibliográfico de artigos publicados em revistas da área de ciências da saúde. Buscaram-se trabalhos em bancos de dados científicos como: Site de Assuntos Médicos-PUBMESH; Biblioteca Virtual de Saúde- BIREME; e Livraria Científica Online-SCIELO, no período amostral entre 2019-2020. Resultados e Discussões: A intoxicação por vitamina D é rara, mas seu uso indiscriminado tem aumentado consideravelmente, havendo uma ingestão de doses >50.000 UI/dia ocasionando hipercalcemia. Além, da alienação de que a suplementação auxiliaria beneficamente, majoritariamente os idosos, em meio ao caos da pandemia, a facilidade de aquisição de fórmulas vitamínicas sem a necessidade de receita médica tem feito muitas pessoas a utilizarem sem indicação.⁴ Os principais sintomas da intoxicação são náuseas/vômitos, fraqueza, alteração do nível de consciência, calcinose dolorosa periarticular, nefrocalcinose, hipertensão arterial, insuficiência renal, elevação do segmento ST que imita um infarto do miocárdio. Além disso, dosagens séricas >100ng/ml podem cursar com perda óssea em decorrência ao aumento da atividade osteoclastica. O idoso já possui maior predisposição a osteoporose e fraturas, a indução da ação dos osteoclastos aumentaria exponencialmente esses riscos.⁵ A hipervitaminose D ocasiona um aumento da absorção intestinal do cálcio resultando em hipercalcemia e alterações gastrointestinais, neurológicas e lesão renal aguda por vasoconstrição. Geralmente, as intoxicações cursam com níveis normais de paratormônio.⁶ Medidas para prevenção do uso indiscriminado dessa medicação são de crucial importância na atual situação e criticamente necessárias. Uma boa relação médico- paciente deve ser estabelecida e todos os mitos e dúvidas sobre a atuação da vitamina D no COVID-19 devem ser sanadas, além disso, a decisão terapêutica com colecalciferol deve ser baseada nas dosagens adequadas.⁷ Conclusão: Em suma a superdosagem do colecalciferol pode ter consequências deletérias em particular aos idosos. Os casos de toxicidade pela vitamina D tendem a continuar crescendo, pois há uma ampla disponibilidade comercial e a não obrigatoriedade de receita médica para a compra. Medidas de prevenção devem ser consideradas e aplicadas em consultas desde o atendimento nas unidades básicas de saúde, desmitificando a ideia de que a vitamina D é o método de solução preventiva e/ou curativa para o COVID-19, uma vez que o benefício da suplementação só está comprovado para a população que apresenta deficiência da vitamina.
Referências
¹ BRASIL. Ministério da Saúde. Nota Técnica: Vitamina D na prevenção e tratamento de pacientes com COVID-19. Informações para Profissionais de Saúde. Brasília: [Ministério da Saúde], 2020.
² MARINS, Tatiana Aporta et al . Intoxicação por vitamina D: Relato de caso. Einstein (São Paulo), São Paulo, v. 12, n. 2, p. 242-244, Jun, 2014.
³ SANTOS, Camila de Souza dos; BESSA, Thaíssa Araújo de; XAVIER, André Junqueira. Fatores associados à demência em idosos. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 25, n. 2, p. 603- 611, Fev, 2020.
⁴ SOUSA, Joyce Ramalho et al . Efeito da suplementação com vitamina D em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico: uma revisão sistemática. Rev. Bras. Reumatol., São Paulo, v. 57, n. 5, p. 466-471, Out, 2017.
⁵ LIM, Kenneth; THADHANI, Ravi. Toxicidade da vitamina D. Braz. J. Nephrol. São Paulo, v. 42, n. 2, p. 238-244, Jun, 2020.
⁶ AMORIM, Solange Silva et al. Intoxicação por Vitamina D em paciente idosa: Relato de Caso.
Geriatrics Gerontology Aging, São Paulo, vol. 13 (3), pag. 173-176, Mar, 2019.
⁷ VAZQUEZ-LORENTE, Héctor et al. Tendências atuais na determinação analítica da vitamina D. Nutr. Hosp. Madri, v. 36, n. 6, p. 1418-1423, Dez, 2019.