O CONTEÚDO DE LÍNGUA PORTUGUESA EM QUESTÃO: O EMBATE ENTRE DOIS DISCURSOS

Autores

  • Adelino Pereira dos Santos Universidade do Estado da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.21576/pa.2017v15i1.27

Palavras-chave:

Conteúdo de Língua Portuguesa, Discurso, Sujeito

Resumo

A partir do referencial teórico e metodológico da Análise de Discurso de linha francesa, o trabalho de pesquisa consistiu na constituição e análise de um corpus formado por respostas de professores de Língua Portuguesa do ensino básico a um formulário contendo três questões: “O que é conteúdo de ensino-aprendizagem da disciplina Língua Portuguesa? Que conteúdo ensinar em Língua Portuguesa e por que ensiná-lo? De que maneira o conteúdo de Língua Portuguesa poderá contribuir para a formação cidadã do educando?” A análise permitiu a confirmação da hipótese da existência de dois discursos em um intricado jogo de oposição, embate, ambiguidade e entrelaçamento: o Discurso Pedagógico Tradicional sobre o conteúdo de Língua Portuguesa (DPT) e o Discurso sobre o conteúdo de Língua Portuguesa advindo dos Estudos Linguísticos Funcionalistas (DELF). O que compreendemos por DPT não é apenas uma questão de dizeres sobre o ensino de gramática normativa no ensino básico, discussão antiga, embora ainda atual. O DPT corresponde também à tradição de crenças e valores escolares que se consubstanciam e se fundamentam ideologicamente em práticas pedagógicas tradicionais. Compreendemos por DELF todos os saberes e dizeres sobre o conteúdo e a prática pedagógica de Língua Portuguesa enunciados a partir dos campos epistemológicos dos Estudos Linguísticos que concebem o texto, nas modalidades oral ou escrita e nas multimodalidades, em seus aspectos discursivos, pragmáticos, semântico-conceituais e formais como o objeto precípuo de ensino e aprendizado na educação básica.  O DPT e o DELF estabelecem uma luta simbólica pela hegemonia na determinação do conteúdo de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa no ensino básico. O primeiro estabelece relações de resistência, de permanência. O segundo busca conquistar espaço e legitimidade.  Os resultados dessa luta simbólica foram analisados nas  seções deste artigo.

 

Biografia do Autor

Adelino Pereira dos Santos, Universidade do Estado da Bahia

Doutor em Letras. Professor adjunto do Departamento de Ciências Humanas do Campus V da Universidade do Estado da Bahia.

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Publicado

2017-02-24

Edição

Seção

Artigos