A ONTOLOGIA DO DIGITAL: UMA CRÍTICA FILOSÓFICA À MEDIAÇÃO TECNOLÓGICA NA CONSTRUÇÃO DO REAL NO SÉCULO XXI

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21576/pensaracadmico.2025v23i3.4494

Resumo

A emergência do digital como paradigma ontológico reconfigurou não apenas as estruturas materiais da sociedade, mas as próprias bases epistemológicas que sustentam a produção do conhecimento e a experiência do real. Este artigo investiga, a partir de uma perspectiva interdisciplinar que articula filosofia da tecnologia, teoria crítica e estudos sociais da ciência, os processos pelos quais a mediação digital transforma a subjetividade, a linguagem e as relações de poder. Partindo de autores como Heidegger, Adorno, Floridi e Haraway, o estudo problematiza a noção de "neutralidade tecnológica", demonstrando como os algoritmos e as plataformas digitalizadas reproduzem assimetrias históricas sob a aparência de objetividade. Metodologicamente, emprega-se a análise crítica do discurso (FAIRCLOUGH, 2003) e a fenomenologia hermenêutica (RICOEUR, 1990) para examinar casos empíricos como a vigilância algorítmica e a desmaterialização do trabalho. Os resultados apontam para uma dialética da tecnodependência, na qual a promessa de emancipação via tecnologia convive com novas formas de alienação. Conclui-se que a superação desta contradição exige uma rearticulação ético-política do conceito de "humanismo digital", capaz de resgatar a agência humana sem recair em nostalgias pré-tecnológicas.

Biografia do Autor

Isabella Tavares Sozza Moraes, Universidade de São Paulo

Pesquisadora com trajetória interdisciplinar nas áreas de Linguística/Letras [Tradução, Literatura Italiana, Semiótica], Artes, Educação e Tecnologias da Informação e Comunicação. Mestre em Letras (ênfase em Língua, Literatura e Cultura Italianas, USP/CAPES), licenciada em Letras Português e Literaturas (UNISA/CAPES/PROBIC), com especializações em Gestão e Docência do Ensino Superior (UNISA) e em Linguística e Ensino de Línguas (UFMS). Atua na interseção entre linguagem, cultura e tecnologia, com ênfase em práticas inclusivas, ensino-aprendizagem mediado por tecnologias e tradução literária. Desde 2020, integra grupos de pesquisa em Ciências Humanas e Linguística, Letras e Artes; é revisora e parecerista Ad-Hoc de periódicos científicos nacionais e internacionais indexados na Web of Science. Desenvolveu duas Iniciações Científicas (Multidisciplinar + Ciências Humanas/Probic/CNPq), uma Pré-Iniciação Tecnológica (UNASP/Contabilidade) e uma Residência Pedagógica (CAPES/Educação). Tem experiência em docência com foco em metodologias ativas, mediação tecnológica e acessibilidade educacional, atuando em projetos sociais, educação básica e superior. Publica artigos, livros e realiza divulgação científica por meio de eventos acadêmicos e redes sociais, contribuindo ativamente como arguidora, parecerista, ministrante e monitora.

Maria Cecilia Casini, Universidade de São Paulo

É formada em Letras pela Universidade de Florença (Itália), com especialização em História do Espetáculo. É doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela FFLCH/USP, com Pós-Doutorado na Universidade LOrientale de Nápoles (Itália). É docente de Língua e Literatura Italiana no Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). No primeiro semestre de 2023, fui contemplada pela CAPES\Print, o que permitiu-lhe fazer realizar atividades de intercâmbio com universidades italianas (em particular, com La Sapienza, de Roma), visando a escrita de um livro sobre a literatura italiana feminina da Idade média até a Renascença, a formar uma antologia de algumas das mais interessantes escritoras da época, com trechos inéditos de sua obra poética. Desenvolve pesquisas sobre a Literatura Medieval, Renascentista e Baroca italianas, particularmente sobre a obra de Dante Alighieri e a cultura de Florença; sobre a formação e a história da língua literária italiana (a Questione della lingua); a literatura clássica, a formação do cânone literário e o papel dos intelectuais; a literatura comparada; a literatura em diálogo com outras artes (arte, música, teatro); a literatura de mulheres; a crítica literária. Dirige o grupo de pesquisa A tradição literária italiana, voltado ao aprofundamento do estudo das relações interculturais entre Brasil e Itália; é vice-líder do grupo de pesquisa Estudos linguísticos aquisição/aprendizagem do italiano como língua estrangeira, especialmente dedicado à tradução e à edição de textos de história da língua e da arte italiana, inéditos em português (os dois grupos são credenciados junto ao CNPq). É membro da Associação Brasileira dos Professores de Italiano (ABPI), da Associazione Internazionale dei Professori di Italiano (AIPI) e American Association for Italian Studies (AAIS); além disso, é membro do Comitê Diretivo da Società internazionale di Linguistica e Filologia Italiana (SILFI).

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Publicado

2025-12-03

Edição

Seção

Ciências Humanas