CUSTO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR RELACIONADO À QUEDA EM IDOSOS NO ESTADO DE ALAGOAS NOS ÚLTIMOS TRÊS ANOS

Autores

  • Louise Moreira Ferro Gomes
  • Nataly Oliveira Vilar
  • Ana Priscila Ferreira Almeida
  • Thais Madeiro Barbosa Lima

Resumo

Introdução: O fenômeno de envelhecimento vem ocorrendo na população brasileira de forma natural e progressiva, acarretando para os indivíduos, de forma variada, redução das suas capacidades funcionais diárias, doenças e acidentes rotineiros. Dentre as causas externas de acidentes destacam-se as quedas, que constituem um problema de saúde pública pelo seu alto índice de morbimortalidade e elevado custo socioeconômico, que pode resultar em aumento de lesões, perda da independência e medo de cair novamente¹. Além disso, as quedas representam um dos principais motivos de internações no Brasil sendo, portanto, responsável por elevados custos financeiros para o Sistema Único de Saúde, que gasta cerca de bilhões por ano devido a internações por queda. E sabe-se que a cada ano esses gastos aumentam, já que as taxas de internação por queda se mostram em ascensão². Dada a gravidade e a magnitude do que foi exposto, o objetivo desse estudo foi caracterizar as hospitalizações e os gastos decorrentes das internações por quedas em idosos e apontar a utilidade dessa análise para reverter o alto índice desses acidentes³. Metodologia: Trata-se de um estudo ecológico, através de dados publicados pelo Ministério da Saúde através da plataforma online DATASUS no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). O período de tempo analisado foram os meses compreendidos entre janeiro de 2017 e maio de 2020, sendo este o último período disponível na plataforma no momento do estudo. Foi selecionado o grupo de causas relacionadas a quedas, que corresponde aos códigos W00-W19, da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), em indivíduos acima de 60 anos, considerando sexo e faixa etária subdividida em “60 a 64 anos”, “65 a 69 anos”, “70 a 74 anos”, “75 a 79 anos” e “acima de 80 anos”. As informações extraídas foram: quantidade de internações, valor total de internações, valor médio de internações e média de permanência em dias por hospitalizações decorrentes de quedas. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva, com cálculos de frequências absolutas e percentuais, utilizando a plataforma Microsoft Excel 2007. Resultados e Discussão: No período entre janeiro de 2017 e maio de 2020, houve um total de 5545 internações por queda na faixa etária acima de 60 anos em Alagoas, sendo maior o percentual de hospitalizações na faixa etária acima dos 80 anos, correspondendo a 33,3% do total de subdivisões. Assim, percebe-se a vulnerabilidade dos indivíduos octogenários, já que com a idade avançada, há mais fatores de risco, como diminuição cognitiva, fraqueza muscular e polifarmácia¹. Além disso, de todas as internações, 3685 ocorreram no sexo feminino, o que equivale a 66,45% dos casos. Em todos os intervalos de idade, houve maior prevalência no sexo feminino, o que pode ser decorrente da maior longevidade desse grupo3, mas também outros fatores, como prevalência de osteoporose e maior vulnerabilidade física e muscular que os homens¹. Considerando o ônus para a saúde pública, os casos de queda em idosos nesse período foram responsáveis por um custo total em internações de R$ 8.726.030,00, sendo o maior custo na faixa etária acima dos 80 anos, correspondente a 38,9% do total. Pessoas idosas tem perfil de morbidade mais dispendioso, já que a morbidade prevalente nessa faixa etária é mais cara, assim como as taxas de internação são mais elevadas e o custo médio de internação em pessoas idosas é maior que em faixas etárias mais jovens, principalmente acima dos 80 anos, uma vez que há demanda por serviço especializado e maior frequência de internações4. Isso pode ser demonstrado, pois quando realizada a média de gastos para cada paciente, o valor é de R$ 1.573,58, porém para os indivíduos acima de 80 anos, o custo médio foi de 1.838,09, sendo esta a maior média dentre os intervalos de idade. Ademais, o custo total de internações foi maior no sexo feminino, equivalente a 62,58% do gasto total, o que é justificável devido ao maior número de internações neste grupo. Porém, o custo médio de internação foi maior no sexo masculino do que no feminino, respectivamente R$ 1.755,39 e R$ 1.481,96, o que ocorre pois, segundo alguns estudos, a mulher é mais avessa aos riscos e demanda, portanto, de mais ações preventivas de saúde e, assim, apresenta menor taxa de utilização dos serviços4. O tempo médio de permanência em dias para internações decorrentes de quedas durante o período avaliado foi de 6,5 dias, entretanto, esse tempo foi maior na faixa etária acima de 80 anos, sendo a permanência destes indivíduos uma média de 7,7 dias e se tornou cada vez menor quanto menor foi a faixa etária.

Cabe ressaltar que as internações por causas externas são mais dispendiosas que internações por

causas naturais, assim, mesmo que a permanência seja mais baixa nas causas externas, o custo- dia e gasto médio é elevado4. O tempo de permanência maior acima dos 80 anos pode estar associado a multiplicidade de patologias e internações4, mas é importante considerar que a permanência prolongada no leito hospitalar é um risco para o idoso¹. Conclusão: A hospitalização por queda no idoso é um problema de saúde pública, que além de provocar inúmeras repercussões na saúde individual, como dependência funcional, morbidade hospitalar e morte¹, são responsáveis por um gasto elevado para a saúde pública. O presente estudo é importante para auxiliar na identificação dos grupos mais vulneráveis, possibilitando esforços na articulação de políticas sociais, de forma a traçar estratégias de prevenção através de educação, treinamento profissional e criação de ambientes mais seguros², além de ações de planejamento e gestão para melhorar a assistência a esse agravo, alcançando maior qualidade de vida para a população idosa e reduzindo os gastos públicos.

Referências

¹ VALE, P. M., et al. Principais fatores de riscos relacionados a queda em idosos e suas consequências: revisão integrativa. Pubsaúde, 3, 2020. DOI: https://dx.doi.org/10.31533/pubsaude3.a039

² ABREU, D. R. O. M., et al. Internação e mortalidade por queda em idosos no Brasil: Análise de tendência. Ciênc. saúde colet. 23 (4) Abr 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/1413- 81232018234.09962016

³ ANDRADE, I. R. de, et al. Características e gastos com hospitalizações por quedas em idosos na Bahia. J Health Sci Inst, n. 35, v. 1, p. 28-31, 2017.

BARROS, I. F. O. de, et al. Internações hospitalares por quedas em idosos brasileiros e os custos correspondentes no âmbito do Sistema Único de Saúde. Revista Kairós Gerontologia. São Paulo, SP, v. 18. n. 4, p. 63-80, 2015.

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Publicado

2020-11-12

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Seção

Artigos