DISFAGIA NA POPULAÇÃO IDOSA E SEUS IMPACTOS NA QUALIDADE DE VIDA DESSES PACIENTES: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Resumo
Introdução: A disfagia é caracterizada pelo fluxo disfuncional ou desconfortável de alimentos ou líquidos na passagem da cavidade oral para faringe e, posteriormente, para o esôfago¹. As principais etiologias desta patologia são o Acidente Vascular Cerebral (AVC), as doenças neurológicas progressivas, como a Doença de Parkinson e as demências, e o câncer de cabeça e pescoço¹. A disfagia configura-se como uma síndrome geriátrica de alta prevalência que promove repercussões graves na população idosa e seus fatores de risco estão relacionados à idade avançada, à capacidade funcional e cognitiva, à fragilidade e à multimorbidade¹.
Metodologia: Realizou-se uma revisão bibliográfica a partir das bases de dados eletrônicas Scielo e Pubmed, utilizando os seguintes descritores em Ciência da Saúde: idoso; disfagia; qualidade de vida. Os critérios de inclusão foram artigos publicados nos últimos 10 anos, nos idiomas português, inglês e espanhol. Posteriormente, após a leitura dos textos na íntegra, excluiu-se aqueles inadequados ao tema.
Resultados e Discussão: Muitos idosos não reconhecem a disfagia como um problema, enxergando a questão apenas como uma variável intrínseca ao processo de envelhecimento e, portanto, é uma condição frequentemente subdiagnosticada pelos profissionais de saúde². Para diagnosticar esse distúrbio, é necessária uma avaliação clínica acurada da deglutição que pode ser reforçada por exames como a endoscopia e o esofagograma baritado. As complicações da disfagia incluem a desidratação, a desnutrição proteico calórica, a pneumonia aspirativa, a diminuição da qualidade e da expectativa de vida e o aumento da sobrecarga do cuidador³. Além disso, ela contribui para desfechos relacionados ao aumento das reinternações, institucionalização e morbimortalidade. Dessa maneira, estes possíveis desfechos impactam negativamente na qualidade de vida dos pacientes idosos que apresentam esta disfunção, tanto no âmbito social, quanto no âmbito emocional, relacionados ao tempo de alimentação, ao medo de se alimentar, à saúde mental e à fadiga4 . Conclusão: É imprescindível que o manejo da disfagia seja realizado por uma equipe multidisciplinar, com o tratamento abordando estratégias compensatórias que minimizem os sintomas, além de estratégias de reabilitação que alterem a fisiopatologia subjacente da deglutição1,3. Outra intervenção terapêutica possível é a utilização de vias alternativas de alimentação, como sonda nasogástrica, sonda nasoentérica e ostomias (gastrostomia e enterostomia), que serão escolhidas a partir das características clínicas que tangem à deglutição, à integridade do trato gastrointestinal e às condições sistêmicas do paciente 5. Estes procedimentos fazem parte do arsenal que visa melhorar a qualidade de vida e os desdobramentos decorrentes dessa disfuncionalidade no processo de deglutição, promovendo maior bem estar para a população idosa e garantindo o direito de um envelhecimento ativo e saudável.Referências
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