FREQUÊNCIA DE TRANSTORNOS AFETIVOS EM PACIENTES CANDIDATOS À CIRURGIA BARIÁTRICA

Autores

  • Maria Eduarda de Souza Prata

Resumo

O transtorno afetivo bipolar (TAB) é uma condição psiquiátrica grave que causa impactos significativos na qualidade de vida dos pacientes, sendo uma das principais causas de incapacidade e mortalidade entre os transtornos mentais. Associado a isso, há uma alta prevalência de obesidade entre os indivíduos com TAB, com estudos indicando que cerca de 68% desses pacientes apresentam sobrepeso ou obesidade. A relação entre essas duas condições não é meramente coincidência, mas sim resultado de uma complexa interação entre fatores genéticos, metabólicos, comportamentais e ambientais. A obesidade, por si só, é uma epidemia global crescente, com suas taxas mais que dobrando entre adultos nas últimas décadas e quadruplicando entre crianças e adolescentes. Essa condição é geralmente atribuída a dietas hipercalóricas e sedentarismo, mas sua associação com doenças mentais como o TAB levanta questões importantes sobre os mecanismos subjacentes e a melhor abordagem terapêutica. A cirurgia bariátrica emerge como uma intervenção eficaz para pacientes com obesidade mórbida, ajudando a reduzir peso e melhorar condições de saúde associadas, como diabetes tipo II e hipertensão. No entanto, para indivíduos com transtornos mentais preexistentes, como o TAB, a cirurgia pode desencadear ou exacerbar sintomas psiquiátricos devido a alterações metabólicas e hormonais significativas pós-operatórias, além de mudanças na absorção de medicamentos psicotrópicos. Foi conduzida uma revisão sistemática de estudos indexados no PubMed, SciELO, Google Acadêmico e Medline, de janeiro a abril de 2024, abrangendo pesquisas de 2000 a 2024. A pesquisa utilizou termos como “transtornos afetivos, humor, obesidade, cirurgia bariátrica, síndrome metabólica, psiquiatria”, em combinações variadas. Os resultados destacam que a prevalência de transtornos afetivos entre pacientes obesos submetidos à cirurgia bariátrica é considerável, com sintomas de TAB afetando até 90% desses indivíduos em alguns estudos. Além disso, os pacientes com TAB tendem a ter uma maior propensão a ganho de peso devido aos efeitos colaterais dos medicamentos estabilizadores de humor e a alterações comportamentais associadas aos episódios maníacos e depressivos. A interação entre obesidade e TAB também revela mecanismos fisiopatológicos comuns, como inflamação crônica, resistência à insulina e alterações no perfil lipídico, todos contribuindo para um aumento do risco cardiovascular e outras comorbidades graves. Portanto, um manejo clínico adequado que inclua uma
abordagem multidisciplinar antes, durante e após a cirurgia bariátrica é essencial para mitigar esses riscos e melhorar os resultados a longo prazo para os pacientes. Em conclusão, a complexa interação entre transtorno afetivo bipolar, obesidade e cirurgia bariátrica destaca a necessidade urgente de uma compreensão mais profunda dessas conexões para orientar estratégias de tratamento mais eficazes. A identificação precoce de transtornos mentais em pacientes obesos, juntamente com um manejo integrado e personalizado, é crucial para minimizar os impactos adversos e otimizar os resultados de saúde para essa população vulnerável.

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Publicado

2024-07-25

Edição

Seção

Medicina