ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DOS CÂNCERES MAIS INCIDENTES NA POPULAÇÃO IDOSA BRASILEIRA SEGUNDO AS ESTIMATIVAS DE NOVOS CASOS PARA O ANO DE 2020.

Resumo

Introdução: O câncer é o principal problema de saúde pública no mundo e está entre as quatro principais causas de morte em idosos (acima dos 60 anos de idade) na maioria dos países1. A incidência e a mortalidade por câncer têm aumentado, em parte pelo envelhecimento e crescimento populacional, como também pela mudança na distribuição e na prevalência dos fatores de risco para o câncer. Além de ser considerado fator de risco para a oncogênese, o envelhecimento pode associar-se ao diagnóstico tardio, ocasionando menor prognóstico de cura e aumento da morbimortalidade nessa faixa etária1,2. No Brasil, a expectativa de vida para 2020 é, em média, 76,7 anos3, o que ressalta a importância de analisar as estimativas de novos casos de cânceres para a população idosa, a fim de traçar melhores alternativas para rastreio e tratamento precoces. Métodos: Realizou-se uma análise dos dados concedidos pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) para a Estimativa da Incidência de Câncer no Brasil em 2020. Também foi consultada a mortalidade expressa pelo número mortes por câncer, a partir das informações disponibilizadas pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade - Atlas online de mortalidade, INCA 2017. Resultados/Discussão: O número de novos casos de câncer cresce a cada ano. Para 2020-2022, a estimativa do INCA é a ocorrência de cerca de 625 mil casos novos de câncer no Brasil para cada um dos anos, valor superior aos 582.590 novos casos de câncer que haviam sido previstos para 2018-2019. As projeções de 2020 para as taxas de incidência ajustadas por idade, à exceção do câncer de pele não melanoma, para homens (215,86/100 mil) e para mulheres (145,00/100 mil) são consideradas intermediárias e compatíveis com as apresentadas para países em desenvolvimento. Os cânceres de Próstata e Mama feminina (respectivamente, 65.840 e 66.280 novos casos para 2020) apresentaram as maiores taxas de incidência na população acima dos 60 anos para todas as regiões geográficas do país e sua magnitude ajustada é cerca de duas a três vezes maior que a da população em geral. O aumento da longevidade e a exposição aos fatores de risco, principalmente decorrentes de urbanização, hábitos cotidianos não saudáveis e diagnóstico tardio, fizeram com que o risco de morte por câncer aumentasse nos últimos anos. No Brasil, ocorreram, em 2017, 15.391 óbitos por câncer de próstata, sendo a idade a partir dos 50 anos o principal fator de risco para o seu desenvolvimento e morbimortalidade.

Quanto aos óbitos por câncer de mama, ocorreram, em 2017, 16.724 óbitos. Sabe-se que não existe somente um fator de risco para câncer de mama, no entanto, a idade acima dos 50 anos é considerada o mais importante para o seu desenvolvimento, bem como para sua morbimortalidade. Neoplasias de Pulmão e Estômago também são consideradas mais incidentes na população idosa, representando um a dois terços das estimativas de novos casos absolutos (30.200 e 21.230). Conclusão: É fato que o envelhecimento está ligado ao aumento da incidência de câncer, devido às diversas alterações fisiológicas relacionadas à idade, bem como ao diagnóstico tardio e às maiores taxas de morbimortalidade. Dessa forma, o delineamento de um panorama acerca dos novos casos para 2020 configura-se como ferramenta à implementação das ações de prevenção e controle dos cânceres mais prevalentes para a população idosa no Brasil.