A FORMAÇÃO DA (O) PSICÓLOGA(O) PARA ATUAR NO CONTEXTO EDUCACIONAL APÓS PANDEMIA
DOI:
https://doi.org/10.21576/pa.2022v20i2.3069Palabras clave:
Educação, Psicologia, Covid-19.Resumen
A partir do contexto da pandemia da COVID-19, o manuscrito se debruça sobre debates em relação ao contexto educacional da psicologia enquanto ciência e profissão na contemporaneidade. Atravessado por fatores sociais, culturais, históricos, geográficos e políticos, a psicologia brasileira é constituída a partir de vieses de adaptação, normatização e docilização de corpos. Esse contexto aparece contemporaneamente com a crescente mercantilização da educação, afetando também a psicologia na sua interface com os debates e atuações educacionais. Através de referenciais interdisciplinares trazidos no texto, aposta-se, como bússola ética frente a tantos retrocessos, na direção do cuidado, de uma escuta política, dentro de uma clínica ampliada. Enceja-se assim uma derrubada do lugar mercantil e historicamente capturado da psicologia escolar, a fim de produzir corpos singulares, cada vez mais libertos e potentes. Fica evidente que o psicólogo precisa preocupar-se com sua própria formação, de modo que seja capaz de refletir criticamente sobre a complexidade da realidade que viemos enfrentando e, ao mesmo tempo, construir, juntamente com suas equipes de professores e corpo de alunos, possíveis saídas e formas de cuidado a esses problemas agudizados com a pandemia. O psicólogo precisa se preocupar primeiramente com de que lugar ele pensa e vê sua atuação, em que critérios ético-políticos se baseia, sendo menos um técnico incumbido de solucionar problemas e muito mais um propositor e promotor de concepções educacionais condizentes com as singularidades de nossa realidade, nossas culturas, de nossos estudantes e professores, com as problemáticas de nossa constituição social e histórica.
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